Nas noites de inverno, um prato de sopa
é sempre reconfortante e acolhedor. Muitas pessoas até preferem fazer
da sopa seu prato único, sem nenhum acompanhamento, além de um
pedaço de pão.
Para aqueles que não abrem mão de uma taça
de vinho,
também bastante convidativo nesta época, é possível a convivência harmônica
entre sopas e vinhos?
Quando não se quer pensar muito sobre o assunto,
a resposta clássica é o tradicional Jerez (o mais emblemático
fortificado da Espanha), imortalizado no clássico da enogastronomia, o filme Festa
de Babette.
As sopas de uma maneira geral
apresentam dois inconvenientes em termos de harmonização: alta
temperatura e textura incompatível. Neste contexto, não desperdiçe uma grande
garrafa com sopas. Vinhos complexos, elegantes e
delicados, se perderão entre as colheradas de um caldo fumegante. Vinhos
de bom teor alcoólico resistem mais à alta temperatura remanescente na cavidade
bucal, justificando a opção pelos fortificados.
O problema da textura é muitas vezes complicado,
principalmente pelo antagonismo quanto à intensidade de sabores. É comum
termos sopas de caldos ralos, com sabores bastante marcantes.
Nestes casos, vinhos que tenham a mesma intensidade de sabor, geralmente
apresentam maciez e corpo excessivos, criando um conflito entre texturas. No
sentido contrário, muitas vezes, sopas de textura cremosa, acabam
tendo um sabor delicado. Neste caso, a solução de textura do vinho
é mais fácil, porém geralmente seu sabor acaba dominando a harmonização.
Para ficar mais claro, vamos a dois exemplos de sopas
clássicas européias, muito difundidas entre nós, que denotam as
questões acima expostas.
Caldo Verde: Típico do norte de Portugal
(Minho)
Caldo Verde, um clássico português
adorado pelos brasileiros, elaborado à base de batatas, couve e pedaços de
chouriço (pode ser linguiça ou paio). O caldo deve ter uma textura levemente
cremosa, a crocância da couve finamente cortada e inserida no caldo momentos
antes do consumo, e o sabor substancial dos chouriços. Quanto maior a
participação dos chouriços no caldo, maior deve ser a intensidade do vinho.
Um toque mineral ou amadeirado no vinho ressaltará a defumação do
embutido. Um bom alentejano, com intensidade de sabor, frutado, e taninos
delicados para não conflitar com a couve, geralmente têm força
e textura (maciez) compatíveis com o caldo. Um Malbec ou Tempranillo,
também cumprem bem o papel. Todos esses tintos devem ser relativamente
simples e não muito encorpados.
Creme de Abóbora: Sabores delicados
Os italianos a chamam Crema di Zucca, com
inúmeras variações de ingredientes. Podemos incorporar caldo de legumes ou
frango, leite, ou água em sua elaboração, além de temperos como cebola, ervas,
especiarias e um pouco de pimenta. A textura costuma ser bem cremosa e o
sabor predominante da abóbora apresenta uma tendência adocicada. Aqui, temos um
cenário mais para brancos, de preferência, Chardonnays. Escolha um tipo bem frutado
como um típico australiano. Ele terá sintonia com o sabor da abóbora e textura
untuosa para o creme. Um leve toque de madeira fará eco com as especiarias e
seu lado abaunilhado enriquecerá o conjunto.
As inúmeras sopas
clássicas ou inventadas e adaptadas por nós devem ser analisadas caso a
caso. O importante é termos vinhos com aromas que não se
volatilizem com facilidade (bom teores de álcool) e de textura e intensidade
de sabores compatíveis com o prato.
Agora está na hora de ir ao Tahiti comprovar essas dicas. Peça ao garçom nossa Carta de Vinhos e experimente nossas deliciosas sopas!